Olho de soslaio a carne morta, o arrepio
das arcadas: cílios que uma língua descolara
para sempre – bífida, a cilada
ecoa numa ferida a concha mate
Que se feche e o sal preencha a minha sombra.
Manhã cedo, encontraram-me entre a lava
da alameda, debruçado sobre a vasta babilónia
e vi: como a cor escurece e tinge, no açafate,
as cobras cegas
Capazes de morrer pela seda, vão soltar-se os anéis
do seu mais ímpio massacre. Ao passares os dedos pelo fumo,
quem te recolhe a mesma língua iniciada? Na virilha esconsa,
decerto voltariam ao calor de pele antiga, mas o vidro
desde cedo cede aos limos (cílio ardido)
Pandora (Averno 004)